Mão na Roda em Paris – circulando pela cidade
Assim como Regina Duarte, eu tinha medo. Mas de Paris! Meu francês inexistente, coca-cola a 5 euros, a fama de ranzinza dos franceses, ruas estreitas e antigas, prédios seculares e mais um monte de coisas que eu – cadeirante neurótico e medroso – achava que tornariam uma estadia na cidade tão agradável quanto uma lua de mel em Bagdá.
Sorte minha que existe Internet, sites e blogs como o Mão na Roda, que ajudam a acabar com esses medos bobos (é, agora os considero bobos!) comuns a tantos cadeirantes. Paris fez muitos progressos na questão da acessibilidade e barreiras arquitetônicas não são mais um problema para visitar a cidade.
A melhor maneira de conhecer a capital francesa é a pé. Ou de rodinhas, se preferir. Não só as da cadeira, mas as de patins ou mesmo as das bicicletas disponibilizadas pela prefeitura através do Vélib , num esquema pega aqui e entrega acolá. Ótimo para uma cidade relativamente plana e onde as principais atrações estão perto umas das outras.
É bom planejar seu roteiro diário (de acordo com seus principais interesses), chegar a um ponto inicial e de lá fazer tudo a pé, sem ter que depender de ônibus ou metrô. Com exceção de Montmartre, Montparnasse e Quartier Latin, que têm ladeiras íngremes, as outras regiões por onde passei eram bem planas.
Sentiu fome? A cada esquina você encontra uma patisserie/boulangerie com pães, sanduíches e doces maravilhosos. Várias delas, assim como outras lojas, cafés e restaurantes, estão no nível da rua ou tem apenas um batente ou degrau na entrada. E vimos muitos lugares com rampa também! Ah, se der vontade de beber uma Coca-Cola sem ter que pedir empréstimo ao banco, é só entrar em algum mercadinho que o preço é quase o mesmo daqui do Brasil.
E na hora de ir ao banheiro? Não se preocupe! É comum encontrar banheiros públicos adaptados perto das atrações. E os que eu usei eram limpos, bem adaptados e de graça para pessoas com deficiência (é comum cobrarem por eles na Europa). Aliás, pessoas com deficiência também entram de graça em TODOS os museus de Paris, e ainda dá pra levar um acompanhante “na aba”. Até mesmo nas atrações pagas, como a Torre Eiffel, há um desconto na entrada.
Tá, mas e o transporte público? Pra quem vai de cadeira como eu, poucas estações do metrô são adaptadas, e servem uma área muito restrita. Por esse motivo, acabamos não testando o metrô parisiense. Já com os ônibus, a coisa melhora sensivelmente. Há diversas linhas acessíveis, e o site oficial dos transportes de Paris mostra todas elas, de forma atualizada. Sem falar na adaptação dos ônibus, que é perfeita: uma rampinha retrátil acionada automaticamente pelo motorista. Em dois tempos você está dentro do ônibus seguindo viagem. Nada de elevador lerdo que atrapalha a viagem dos outros.
Resumindo: dá pra visitar praticamente todas as principais atrações da cidade em 5 ou 6 dias. Mas é claro que você também pode passar 1 mês em Paris e mesmo assim não conseguir aproveitar tudo que a cidade tem a oferecer. É muita coisa para ver, sentir e fazer!
E se você ainda está em dúvida se vale a penar visitar Paris, mais fotos para te convencer! 😉
Gente! Paris é mesmo linda! Ficou ainda mais bonita agora que sei que é acessível! Parabéns pelo blog! Show!
Caraca, vou entrar em férias em breve e lendo suas dicas fico tentado, viu? Já conheço algumas partes das Zoropas, mas encarar novos horizontes, como vc mesmo escreveu, às vezes, dá uma insegurança. Mas, o meu lema é o de sair à rua sempre! É isso ai, excelente serviço. Abraço
Jairo, aproveita, curte as férias na Europa, e depois coloca tudo em novos textos do blog! Abraços, Eduardo.
Estive na Europa no final de julho. Foram muitas alegrias, mas também algumas aventuras. Em Barcelona foi tudo absolutamente perfeito, a cidade é super acessível, mas em Paris foi mais complicado. Não achei as ruas tão adaptadas e raramente achava uma "rampa de verdade". Nem todos os ônibus são adaptados e o metrô… definitivamente não está preparado para deficientes. Tive muitas dificuldades e até me perdi naquele sistema complexo. O programa de assistência dos aeroportos com certeza foi o ponto forte da viagem. Fiquei muito contente com isso. Com certeza a próxima viagem será muito melhor.
Oi Cristiane, legal você compartilhar as suas experiências! Acho que as dicas valem ouro e ajudam muito na hora de planejar a viagem. Barcelona também foi, de longe, a cidade mais acessível que visitamos! Abraços, Eduardo.
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Olá, estou planejando ir a Paris em maio com meu filho cadeirante. Queria saber qual a melhor região para nos hospedarmos. Obrigada, Patricia
Oi Patricia,
Creio que as melhores regiões são a do Marrais (3a e 4a), ou então perto do Louvre, pois lá não há ladeiras e a dá para ir à pé a diversas atrações. Abraços e boa viagem!
Obrigada Eduardo, depois dou noticias de como foi. Abraços.