Hotel 100% acessível! Uau!
Semana passada, recebemos um email bastante interessante de uma arquiteta. Seu escritório de arquitetura está envolvido no projeto de um hotel, com uma idéia bastante nova: o cliente quer que 100% dos quartos e banheiros do hotel sejam acessíveis. Uau! Um baita desafio.
O motivo do contato dela conosco seria tirar algumas dúvidas em relação às normas de acessibilidade. A resposta surgiu do nosso colaborador Nickolas. E pra vocês também ficarem por dentro, resolvemos publicá-la aqui no nosso blog.
Lembrando sempre: qualquer dúvida, estamos aqui pra isso!
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Prezada,
Realmente admirável a proposta dos seus clientes para ter 100% dos quartos e banheiros acessíveis.
Entretanto, não podemos esquecer que a norma técnica de acessibilidade é uma recomendação para atender à necessidade de 100% das pessoas com necessidades especiais (PNE). Como norma técnica é recomendação e não lei, cabe ao responsável pelo projeto a escolha pelas adequações que devem estar presentes.
Porém, posso adiantar a você que é muito comum encontrar lugares projetados para supostamente atender às normas técnicas mas que têm vários pontos falhos no projeto e/ou execução. Já encontrei lugares em que as “adaptações” me atrapalharam mais do que ajudaram (teve um hotel que pedi para desparafusarem algumas barras para que eu conseguisse passar com a cadeira). Como cada PNE tem sua particularidade, a maioria acaba dando seu jeito de usar o que está disponível.
Adianto alguns pontos indispensáveis no projeto mesmo se não seguir as normas técnicas, sob risco de tornar os banheiros inutilizáveis pelos PNE:
1. Portas: devem ter largura mínima de 80 cm e abertura para fora do banheiro. As cadeiras de rodas costumam ter larguras entre 58 e 74 cm. Em banheiros com menos de 7 m², a abertura da porta para dentro impede a manobra da cadeira no seu interior e também impede o fechamento da porta com a presença da cadeira. Existem cadeiras higiênicas usadas em banheiros por muitos PNEs, mas não podem ser impulsionadas pelo cadeirante. Dessa forma, mesmo que ele faça a transferência para uma cadeira higiênica dentro o banheiro, a entrada no banheiro com a própria cadeira de uso normal é fundamental para a independência da pessoa.
2. Vasos sanitários: apesar de existirem vasos especialmente feitos para banheiros adaptados, a preferência por eles não é unanimidade entre os PNEs, pois algumas pessoas têm dificuldade de equilíbrio com aquela abertura frontal dos vasos especiais. Podem ser utilizados vasos normais, mas é indispensável a presença de uma barra de apoio ao lado do vaso nas dimensões descritas na NBR 9050. A posição do vaso no banheiro deve prever um espaço livre para aproximação da cadeira em uma das suas laterais, não podendo o mesmo ficar enclausurado entre duas paredes ou entre louças.
3. O tamanho do box deve ser maior, de modo a caber no mínimo uma cadeira de banho no seu interior. Dimensões a partir de 0,90 m x 1,00 m já oferecem algum conforto. Se for usado box de vidro, não pode ser do tipo porta de abrir, pois sua abertura para o interior não pode ser feita com uma cadeira presente no espaço. Se utilizar portas de correr, o vão livre aberto deve ser de no mínimo 0,80 m para haver uma condição mínima de utilização.
Quanto ao tamanho de banheiros, já usei em um navio um banheiro adaptado que tinha, se muito, 2 m², mas com uma disposição muito inteligente dos aparelhos (vaso, pia, box) que não comprometeu em nada sua utilização por um cadeirante.
ótima idéia! Fico muito feliz com essas iniciativas. E, tendo um maior número de quartos, o projeto arquitetônico pode dar um show de criatividade, buscando alternativas que cheguem no mesmo objetivo: boa acessibilidade.
Tem como a gente saber, ao menos, onde ele vai ser contruído? Fiquei ansiosa e curiosa!
Mila, não foi dito no email onde ficaria esse hotel. De qualquer forma, mesmo que soubéssemos, só divulgaríamos aqui no blog com a concordância da pessoa. Como ainda é só um projeto, sua divulgação pode não ser oportuna para os proprietários. Assim que o local estiver pronto, certamente colocaremos um post aqui, talvez até com o relato da nossa visita, ok? Abraço, Nickolas.