Pena dele? Eu?
É fato. Muitos cadeirantes e pessoas com deficiência estão acostumados a receberem olhares de pena. “Coitado… Tão moço, tão bonito…”, “Pobrezinha, ter que viver sentada nessa cadeira pro resto da vida”. O olhar diz logo, é isso que eles estão pensando.
Se eu disser que nunca me passou algo assim pela cabeça, estaria mentindo. Tenho certeza de que as próprias pessoas com deficiência devem sentir uma certa peninha de um ou outro, de vez em quando. É natural do ser humano sentir pena quando vê alguém em alguma situação ruim ou triste. O que não é legal é a idéia errada que se tem, de que todo cadeirante é coitadinho. A imagem de que são pessoas à margem, que estão sempre na dependência de outro alguém ou de que tem limitações impensáveis para quem não possui uma deficiência. Tudo preconceito.
Acho que uma boa maneira de se saber quando o preconceito foi embora, é quando percebemos que já conseguimos ver os defeitos de caráter da pessoa com deficiência. Quando olhamos pra ela e vemos uma pessoa como outra qualquer. Com qualidades e defeitos. Sim, todos nós temos defeitos. Não é porque essa ou aquela pessoa não anda que virou um anjinho sobre rodas.
É por isso que não tenho pena nenhuma do meu namorado cadeirante. Posso sentir pena circunstancial, quando acontece a ele alguma coisa muito chata ou triste. Mas peninha dele, porque ele usa cadeira de rodas? É ruim, hein? Até porque, ele sabe muito bem se aproveitar dessa situação quando quer. Ah, sabe! Mas isso já é assunto para outro texto 😛
Bianca, saber aproveitar dessa situação para determinadas "coisinhas" é uma táctica que a gente desenvolve ao sentar na cadeira, srsrsrsr.
Gostei do post, é isso aí!
Ahá! Eu sabia! beijos, Bianca
Assinaria embaixo do seu texto.
Pode assinar! Bom saber que não sou só eu que penso assim! beijos, Bianca
Concordo com vc,naum tenhu pena do meu namorado tbm não.
E como você disse eles sabem aproveitar da situação rsrs
Nessa sexta-feira, ocorreu um episódio comigo que me fez lembrar desse post. Passava das 21h, eu estava no trem, que estava com todos os assentos ocupados, mas com o corredor livre. Passadas algumas estações, uma pessoa ajudou um deficiente visual a entrar no trem. Eu prontamente me levantei, para lhe ceder o lugar. Quando eu fui auxiliá-lo, para levar até o lugar onde eu estava sentado, ele violentamente tentou dar uma cotovelada para trás, para o meu espanto e de todos os demais passageiros. Depois, saiu apressadamente pelo corredor, batendo com a bengala nos bancos, quase acertando as pessoas, e passou para o outro vagão. Só então, vimos qual era o seu real intento: ele começou a pedir esmolas no outro vagão, com o auxílio de uma criança. Claro que esse episódio não mudou em nada a relação respeitosa que eu tenho com as pessoas. Mas que confirmou, como foi dito nesse post, que não deve existir essa aura de "bonzinho". Ah, isso confirmou… rs…
Grande abraço para todos!
Pois é, Ulisses, ser ou não bozinho nada tem a ver com ter ou não deficiência. beijos, Bianca
Bianca, sou suspeita para falar sobre o post,né? Adorei o seu raciocínio: pra saber se o preconceito foi embora é só perceber se a gente já enxerga defeitos no cadeirante. Eu já 🙂
Oi Aline, e isso vale pra milhões de outras situações. Defeitos são características humanas, ver defeitos, significa ver o outro como humano, nem pior, nem melhor. beijos, Bianca